segunda-feira, 7 de junho de 2010

Eu e o futebol (vulgo Copa)

Eu sei, eu sei: essa coisa verde-amarela no blog ficou ridícula. Mas fazer o quê? A Copa do Mundo chegou. E pra alegrias de uns e tristezas de outros, vou fazer uma série de postagens sobre o assunto.

E eu tenho de confessar uma coisa: enquanto a maioria das pessoas diz que odeia a seleção, enquanto alguns outros ameaçam torcer pra Holanda e chegam até a cometer a heresia de afirmar que vão torcer pra Argentina. Eu, não: nunca torço contra a Seleção e sou Brasil até na purrinha. Pra todos esses que ficam contra, faço minhas as palavras de um tio: quando o Brasil for campeão, quero ver a cara de todo mundo.

Gosto de vários esportes, mas confesso que o meu favorito é disparado o futebol. Desde pequeno, nutro uma paixão crescente por esse esporte. Seja pela Seleção, seja pelo Galo, meu time do coração e que me acompanha na vida.

E Copa do Mundo é Copa do Mundo. Nasci durante a de 1986, e pra ser mais exato, momentos antes da vitória do Brasil sobre a Polônia, por 4 x 0, pelas oitavas de final. Mal sabia eu que nas quartas a Canarinho seria eliminada pela França, que posteriormente seria a seleção que eu mais detesto em Copas. A França, para mim, é a Itália para outros. E não sei porque, nunca fui com a cara do Zico, desde pequeno. Talvez seja por causa do penalti perdido contra os franceses.

Confesso que não me lembro da Copa de 1990. Afinal, eu tinha somente quatro anos. Por sorte, não vi o Brasil perder para os hermanos argentinos que, felizmente, acabaram perdendo o título para os alemães.

Já em 1994, a história foi outra. Com oito anos e começando a gostar e acompanhar futebol de verdade, acompanhei mais de perto a Copa dos Estados Unidos. Lembro de jogos das eliminatórias, inclusive - ou, pelo menos, de questões fundamentais como o que fariam os times que tem uniformes iguais, tal qual Brasil e Equador ou Colômbia, por exemplo. Conhecer o uniforme 2 da Seleção foi algo que eu não esqueço.

Lembro também de alguns momentos. O gol de Romário contra Camarões, o gol de Bebeto contra os Estados Unidos e o jogo contra a Holanda - ou a tensão que pairava o empate. Jogar duas vezes contra a Suécia também foi algo curiosíssimo. E houve a final. Lembro da bola na trave de Pagliuca, e também da disputa de penaltis. E, claro, lembro da carreata que fizemos depois.

Muitos não vão lembrar, mas tinha o Amarelinho. Ele era o mascote do SBT na Copa, e em outras competições. Diversão pra criançada. Lembro dele nas Olimpiadas também. Coisas engraçadas da memória.

Minha euforia foi mais completa ainda pós-Copa. Com sangue de goleiro correndo nas veias e depois da atuação magnífica na Copa, foi natural que Taffarel virasse ídolo. Pra contribuir, ele ainda veio defender as metas do Galo. Depois de Ayrton Senna, meu real primeiro ídolo, Taffarel assumiu o posto e veio preencher a lacuna aberta com a morte do piloto.

Quatro anos depois, a Seleção embarcou para a França. Eu estava com 12 anos, e conseguia entender melhor tudo e sentir mais que nunca o clima da Copa. E com a empolgação, veio a frustração: os misteriosos acontecimentos da final mais a derrota para  França - de novo ela - me fizeram esquecer parcialmente 98 (era impossível, eu tinha e tenho até hoje um joguinho de video-game da Copa, o que me fazia conhecer vários jogadores das seleções mais diversas) e acreditar que em 2002 o penta era possível.

E ele veio. A seleção foi pra Copa do Japão e Coréia desacreditada por muitos. Mas eu acreditava, tanto que me lembro claramente de falar com colegas que o Brasil ia levantar o caneco - e muitos duvidavam. Já com 16 anos, sofri mais e vivi mais o clima que antes, mas me lembro claramente da frustração da maioria dos jogos serem na parte da manhã e eu ter aula. Época de Copa deveria ser feriado mundial ou, pelo menos, ponto facultativo pra pessoas como eu.

Retrospecto até aqui: contando o ano que eu nasci (86), 2002 foi minha quinta Copa. Destas cinco, dois títulos, uma derrota para a Argentina que eu não me lembrava, e duas para a França - uma eu era recém-nascido, de fato, mas perder em uma final compensa e agrava tudo.

Depois da Copa das Confederações, em 2005, eu estava completamente confiante no hexa no ano seguinte. A Seleção jogou muito e prometia arrebentar no Mundial. Porém, o tempo passou, os jogadores saíram de forma e nosso técnico era o Parreira - teimoso como uma pedra, insistiu nos dois pesadões Ronaldo e Adriano na frente e a Seleção acabou caindo frente à - adivinhem - França. Fiasco total, que me fez assistir solitário ao embate entre os franceses e italianos, que felizmente levantaram o caneco. A Itália encostou no Brasil, mas antes eles que a França.

E veio 2010. Dunga renovou a equipe e, apesar de eu (e todo o resto do país) discordarmos de alguns nomes, são eles quem estarão em campo e é por eles que eu vou torcer. Em outro momento, pretendo comentar as escolhas do nosso treinador, mas entendo e agora é torcer. Quem sabe, dessa vez, não vem o hexa? É só não pegarmos a França pela frente...






Escuta essa: Coração verde-amarelo - "Eu sei que vou, vou do jeito que sei..."

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Eu, Sardinha

Texto originalmente publicado no Sem Pauta e aqui no Subeta, em setembro de 2008, e válido até hoje, diariamente.

É um drama particular diário de cada indivíduo o deslocamento do ponto X (sua casa) até o ponto Y (seu trabalho, escola, faculdade, e derivados), principalmente daqueles que não possuem veículos automotores próprios. Ou seja, enquanto não inventarem um meio de transporte melhor e mais eficiente, estamos sujeitos à boa vontade das companhias de transporte.

Levantar cedo já é um problema para muitos, como eu. Levantar mais cedo ainda, para pegar ônibus, é um problema maior ainda. E olha que eu moro relativamente perto, mas não perto o suficiente para ir à pé. Pelo contrário, moro longe o bastante para depender de ônibus e perto o bastante para sempre pega-lo cheio, após ter passado por várias e várias regiões amontoando pessoas em seu interior, que provavelmente tiveram que levantar mais cedo que eu.

Certo dia, em um ônibus lotado, levando pisão no pé e cotovelada no olho enquanto tentava passar para a parte de trás (nem discuto a mania das pessoas de se amontoarem na parte da frente), refleti sobre a situação do transporte público brasileiro. É um paradoxo cíclico complexo tal como uma montanha-russa gigante.

Pois imagine você, dono de uma companhia de ônibus. Deve pensar: “esta linha leva muitos estudantes para a escola e muitos trabalhadores para o trabalho, no horário de pico. Se eu reduzir o número de veículos, posso ganhar mais a cada viagem.” Daí, você, pobre e mero usuário do transporte público, pensa: “Por quê diabos eles não colocam mais alguns ônibus nesse horário?” É, meu amigo, é só o começo.

Depois de sofrer algum tempo com os ônibus, algumas pessoas pensam: “beleza, agora vou de carro!” E colocam mais um, mais dois, três, vários carros nas ruas da cidade. Juntam-se os carros, mais os ônibus, mais a pressa e impaciência geral, bate-se no liquidificador e coloca-se um pouco de atraso e aquela prova que você está perdendo, e obtem-se um belo bolo.

E isso, quando o ônibus, de tão cheio, resolve não parar no ponto. Uma hora depois, o ônibus seguinte faz a mesma coisa. No final das contas, você, atrasado, conseguiu se amontoar em um.

E fica lá, igual a sardinha na lata, já prevendo como será o seu retorno pra casa...

Dinheiro

Estava caminhando para a saída da Bienal do Livro de Minas 2010, quando paramos para que a irmã da minha @jessie_small pudesse comprar uma revista de presente para a mãe. Passei a observar um grupo de visitantes que também se encaminhava para a saída. Parecia uma família agregada de amigos, outros parentes, ou quem mais seja.

Entre eles, uma menininha de uns dois anos, talvez. E muito provavelmente pouco tempo antes havia pedido alguma coisa para a mãe de presente. Imagino que ela, a mãe, deve ter falado com a filha que não tinha mais dinheiro pra comprar nada.

A menininha, então, tinha um problema que precisava resolver. Sua mãe não tinha dinheiro, e ela precisava dele pra conseguir o que queria. Sem talvez nem saber pra que serve o tal do dinheiro, e em toda a sua inocência,virou para uma mulher que passava pelo grupo em sentido contrário e disse:

- Moça, me dá dinheiro.

A risada foi geral. A moça riu, a família riu e eu, obviamente, também. A mãe pediu desculpas e contou pra quem não ouviu o inusitado pedido da filha. Já a garotinha continuava concentrada em sua missão e, fazendo com as mãos sabe-se lá porque o número seis com os dedinhos, pediu novamente:

- Moça, me dá dinheiro.

A mãe a pegou no colo rindo e seguiu caminho. A moça, também.

Agora, o que será que continuou passando na cabeça da menina é um mistério. Onde ela conseguiria o tal do dinheiro? Precisava de um plano melhor.







Escuta essa: Nando Reis e Cássia Eller - Relicário

Passou

"A Síndrome de Chantcler é quando uma pessoa acredita que o outro dia só chegou quando ela dorme e acorda. Exemplo: agora são 00:34 (eu devia ter vergonha na cara e ir dormir, né? Faz parte...) para mim ainda é dia 29 de abril (a despeito de já ser dia 30) e caso eu não durma e vire a noite aqui no computador, dia 30 simplesmente deixará de existir. A Síndrome de Chantcler ainda não tem cura e seu grau de influência negativa na vida de uma pessoa é muito pequena. Só é nocivo com relação a prazos porque, embora o acometido pela síndrome não perceba, o tempo realmente passa para o resto do planeta Terra." (SILVEIRA, Patrícia, n'O Placebo)

Tomo liberdade de fazer minhas as palavras da minha querida amiga Patrícia. Coincidentemente, aqui agora são 00:34 e eu estou escrevendo um texto para o dia anterior. Mas, como ainda não dormi, posso considerar que ainda é dia 16 de maio.

E foi no dia 16 de maio de 2008 que nasceu o SubetaNet. Começou como uma brincadeira, o Tratado do Terceiro Andar, e passou por tantas mudanças e fases que eu não conseguiria enumerar aqui. Mas foram dois anos importantes de maturação.

Hoje tenho mais clareza sobre não só o que representa o Subeta pra mim, como também o papel do blog como ferramente pessoal e profissional. Entendo melhor também a relação das pessoas com seus diários - nunca tive, nem o hábito, e a inconstância de postagens aqui não permitem qualificar este blog como sendo um, mas dá pra entender o valor e importância de registrar momentos e experiências.

E nestes dois anos muita coisa aconteceu, e boa parte dela ficou registrada por aqui.

Em maio de 2008, estava no segundo período do meu curso. Ainda não havia em decidido pela publicidade e trabalhava com jornalismo - e até hoje continuo me enfiando por essas áreas, apesar de ter me acertado e definido como publicitário, profissão que eu gosto e tenho crescido.

Foi em 2008 também que tive minha primeira lesão no joelho - coisa que não recomendo pra ninguém. E também algumas alegrias e decepções - igual todos os anos das nossas vidas. Veio 2009, passou e chegamos em 2010. E, de repente, o Subeta já faz 2 anos.

Se fosse uma criança, já estaria correndo por aí e começando a falar igual a um homenzinho. Como é o meu blog, ele cambaleia e fala igual um papagaio. É a vida.

Mas é isso aí: dois anos. E acho que foram só os primeiros - ou assim espero. (:

Vida longa ao SubetaNet!





Escuta essa: K'naan - Wavin Flag

terça-feira, 11 de maio de 2010

Bússola

Acordou no meio da noite com o barulho da tempestade que se aproximava. O balanço do barco já indicava que o trabalho ia ser duro e a ressaca brava. Levantou-se e parou por um segundo para tomar ânimo. Pela força do vento, essa seria forte.

Em sua vida, já havia enfrentado diversas tempestades. Umas mais brandas, outras mais arrasadoras, das que sobreviver talvez tenha sido um milagre divino. E esta noite estava preparado para encarar mais uma. E não seria a última: sua vida de pescador, sofrida e muitas vezes solitária, fazia com que ele e a forte chuva fossem quase como amantes que se encontram escondidos em alto mar no meio de uma noite estrelada.

Pegou seu casaco, a capa de chuva e partiu de encontro à mais uma batalha. Preparou tudo enquanto a chuva começava a apertar, e no auge da tempestade estava na cabine, firme como um capitão deve ser. Encarando de frente os relampagos e a ventania que assolavam seu pequeno barco, enquanto com agilidade e competência manuseava o mastro, deixou seus pensamentos se perderem nela.

Tão bela, tão apaixonante. Seus olhos pequenos o faziam feliz todas as vezes em que se encontravam, feliz como jamais sonhara ser. Se existia alguma coisa na face da Terra que valia a pena lutar, era por ela. E assim ele tirava forças para encarar e vencer mais essa tormenta. E seu suor, seu sangue, seu amor, sempre seriam recompensados com um sorriso ao nascer do dia.

Não haveria no mundo tempestade capaz de separar os dois, de impedir que ficassem juntos. Nem um monstro marinho, se aparecesse em meio aos relâmpagos, seria capaz de parar seu barco e evitar seu retorno para os braços dela. Nem mesmo os relâmpagos, estrondosos e arrasadores, e o vento que tiraria qualquer um de rota, seriam capazes de desviar sua atenção e seu coração. Ele era mais forte que tudo isso, e era mais forte por causa dela. Seu coração, no meio das trevas, tinha um farol que o guiava.

E assim ele acordou. Não era mais capitão, não era mais pescador. Mas continuava completamente apaixonado. Ficou observando ela dormir, certo de que enfrentaria toda e qualquer tempestade só para poder acordar e vê-la ao seu lado, todos os dias, de toda a sua vida.

Sem ela, estaria perdido. Ela era sua bússola.

sábado, 1 de maio de 2010

1º de Maio

Dia 1º de Maio, dia do trabalhador. Mas mais que isso: um dos dias mais tristes da minha infância.

Em 1994, eu tinha apenas 8 anos. Minha família havia se mudado recentemente (em novembro do ano anterior) de Belo Horizonte para Pará de Minas, no interior do estado, e eu estava naquela idade em que os esportes começam realmente a fazer parte da vida de qualquer garoto. Acompanhava futebol com maior frequência, começava a entender do assunto e estava virando um aficcionado por Fórmula 1.

Tive grandes ídolos no esporte, desde pequeno. No mesmo 1994, o goleiro Taffarel, com suas defesas na Copa e posterior transferência para o Galo, conquistou o coração de um jovem futuro goleiro. Mais velho, jogadores como Marques ou o tenista Guga também passaram a ser ídolos.

Mas foi ele, Ayrton Senna da Silva, ou Ayrton Senna do Brasil, meu maior ídolo da infância.

E eu me lembro como se fosse ontem do dia 1º de maio de 1994. Estava começando a acompanhar todas as corridas, a conhecer os pilotos e os carros, a me apaixonar pela velocidade.

Na manhã deste fatídico domingo, estava deitado na cama com meu pai assistindo a corrida. E é engraçado pensar como tantas pessoas, que nunca haviam sentado para ver uma volta sequer, também faziam isso nesse dia.

Lembro que a transmissão havia mostrado imagens da câmera que acompanhava o carro de Senna. Adorava essas tomadas, me sentia um piloto de Fórmula 1. E, de repente, uma outra câmera mostra seu carro passando direto na amaldiçoada Tamburello. Fiquei atônito.

Acompanhei cada segundo do atendimento médico, e passei o resto do dia grudado na frente da TV, esperando notícias. Quando meu pai me contou que haviam dado no rádio a notícia de morte cerebral, não entendi e nem acreditei: pensei que ele ainda poderia melhorar e se recuperar. Afinal, com oito anos é fácil acreditar em milagres.

Foi então que o repórter Roberto Cabrini entrou durante a transmissão da Globo e proferiu algumas das mais tristes palavras que eu me recordo já ter escutado: "Esta é uma notícia que eu jamais gostaria de dar. Morreu Ayrton Senna da Silva".

Mais uma vez eu não acreditava que era possível. Não, não com ele. Como seria possível? Lembro que chorei, e talvez pela primeira vez na vida, tive de lidar com a terrível dor da perda.

Senna não era próximo, não era conhecido, não era meu amigo de verdade. Mas, para aquele garoto de 8 anos, ele era quase um parente, um irmão mais velho. Me imaginava sendo ele, ficava horas sonhando com uma vitória em uma corrida e o Galvão gritando "Fábio Megale do Brasiiiiiiiiil", da mesma forma que fazia com Ayrton. Era um legítimo sentimento de perda.

E desde então aquele garoto nunca mais acompanhou F1 da mesma maneira. Simplesmente perdeu a graça. O vermelho da Ferrari nunca será igual o da McLaren que tantas vezes Senna pilotou, e o tremular da bandeira quadriculada nunca será tão marcante. Nem o Tema da Vitória, que até hoje emociona e resgata memórias, foi e jamais será o mesmo. O apagar das luzes da largada deixou tudo acinzentado.








Escuta essa: Tema da Vitória

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O maior post metalinguístico da história

Muitas vezes escuto as pessoas falaram que o curso de Comunicação Social da UFMG é isso e aquilo, geralmente de forma negativa. A maior crítica, principalmente por parte dos estudantes de outras universidades e repetida por alguns da própria federal, é de que o curso é teórico e preferem aprender com a prática.

Um discurso que escuto bastante por parte dos professores é que o curso não existe para formar técnicos, para não somente ensinar o fazer, mas também e principalmente o saber sobre o fazer. Não adianta você ter um amplo domínio da técnica se não consegue refletir sobre o que produz - e não é questão de saber se seu trabalho está bom ou não, mas olhar pra ele e ter senso crítico o bastante para avaliar a sua pertinência e se cumpre com os objetivos propostos. Vai além de pesquisas e estatísticas.

E é este pensar sobre fazer, a capacidade de analisar o trabalho, que me faz ter orgulho de estudar onde estudo e que me permite olhar para outros estudantes - com o devido respeito - e perceber que falta neles, especialmente os de outras faculdades, este pensar sobre o fazer. Até existe um domínio amplo do fazer, mas muitas vezes sem direcionamento.

Para que toda esta reflexão?

Nos últimos tempos, andei pensando bastante nas seguintes questões: qual o objetivo do SubetaNet? Qual a sua proposta? Qual a utlidade? Qual seu futuro?

Um blog sem textos não existe. Afinal, são eles a sua essência, a sua razão. E por não saber exatamente o que escrever por aqui que muitas vezes não escrevia nada.

Tentar falar de tudo em um mesmo espaço é impossível. Cinema, música, cotidiano, livros, jogos, esportes... cada um deveria ficar no seu quadrado. Um blog que tenta tratar de tudo muitas vezes não consegue falar de nada. E é isso que tem sido o Subeta: um nada.

Com a proximidade do seu aniversário de 2 anos (em maio próximo), era necessário que medidas drásticas fossem tomadas. Confesso que cogitei até encerrar o blog e começar um novo - mas tenho um carinho especial por este espaço que não me permitiria nunca fazer isso. Além do mais, estes dois anos foram importantes para o "amadurecimento" do blog, para que eu conseguisse perceber e entender o que de fato eu quero do Subeta. O passado, por mais que seja estranho e não tenha muito a ver com o que eu quero pro blog à partir de agora, continua sendo seu passado e fundamental na sua formação.

E o que eu quero é que ele seja um blog estritamente e extremamente pessoal. Não pretendo fazer dele um diário, mas sim um espaço onde poderei falar livremente sobre os assuntos do cotidiano e, principalmente, contar minhas desventuras diárias. Acho que é um caminho interessante e que vou me divertir mais.

Sendo assim, declaro oficialmente de volta o SubetaNet, mas agora com uma filosofia diferente. E enquanto não faço os ajustes de configuração e layout que pretendo, já adianto uma novidade: precisava de um espaço para falar de cinema, principalmente agora que o trabalho no Tijolos Amarelos começou a engrenar, e o Subeta não serviria mais para isso.

Criei, portanto, o Proposta Irrecusável. Lá, pretendo aproveitar algumas coisas do Tijolos, além de escrever críticas, resenhas e comentários diversos que não caberiam no site. Algo mais pessoal mesmo.

Além disso, pretendo revitalizar os outros espaços que tenho pra escrever, e em breve vou colocando aqui.

Afinal, se a palavra é instrumento fundamental nas minhas profissões (porque agora posso considerar que tenho duas), a melhor maneira de aprimorar e melhorar é escrevendo, escrevendo e escrevendo. :)






Escuta essa: Moby - Extreme Ways

sábado, 6 de março de 2010

Medo, muito medo...

Lembrei que em 2008 publiquei isto aqui (continuação desse outro aqui) no blog.

Terminei o texto dizendo dizendo: "Mas 2 anos é muito tempo."

E o pior é que não foi. Acho que vou seguir o conselho da Patrícia e sair do país.

Medo, muito do que pode acontecer este ano.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Filmes 2010

Todos os filmes vistos (ou revistos) em 2010, nos meses de janeiro e fevereiro.

Janeiro

Não Estou Lá
O Labirinto do Fauno
Sociedade dos Poetas Mortos
Sherlock Holmes (2x)
A primeira noite de um homem
Onde Vivem os Monstros
Up In The Air (me recuso a chamá-lo de "Amor Sem Escalas")
Perfume de Mulher
Nine

Total: 9, sendo que assisti Holmes 2 vezes (o que dá 10, no total). Ainda acho uma média baixa, mas garante pelo menos uns 2 filmes por semana.


Melhor de Janeiro: Escolha difícil. Confesso não fazer ideia, gosto muito de todos. Mas acho que voto em Onde Vivem os Monstros, pela expectativa e tudo mais, e a paixão crescente que tenho por este filme.

Pior de Janeiro: Não Estou Lá (eu gosto bastante, não foi a primeira vez que assisti, mas teve concorrentes muito fortes).

Fevereiro

O Fada do Dente
Wall-e
E aí, Meu Irmão, Cadê Você?
Cães de Aluguel
Invictus
Um Lugar Chamado Notting Hill
Moulin Rouge
Zumbilândia
Alice no País das Maravilhas (1903)
Blade Runner

Total: 10. O mês tem menos dias, mas vi o mesmo tanto de filmes, o que melhora a média.

Melhor de Fevereiro: Disputa difícil, de novo. Então, vou considerar só os que eu vi pela primeira vez. Só entre eles já é complicado escolher um, mas chamo a responsabilidade e digo: Invictus.

Pior de Fevereiro: O Fada do Dente. Desqualifiquei Alice no País das Maravilhas (1903) da disputa, obviamente. Mas só porque é uma versão muito antiga, e eu nem deveria considerar colocar ele na disputa, por motivos de justiça. O escolhido, então, não é um filme ruim: é até um bom filme pra sessão da tarde. Mas perto dos outros, tadinho...

Observações:

1. Alice no País das Maravilhas (1903) é a primeira das versões sobre a história. Ainda publicarei algo sobre ele, mas encontra-se facilmente no YouTube e tem duração de cerca de 9 minutos.

2. Não, eu não paguei pra assistir O Fada do Dente. Ganhei o ingresso.

3. Pelo que ando assistindo em Março, escolher melhor e pior no final do mês vai ser difícil também, muito.

Todos os filmes que eu vi (em 2009)

Esta postagem deveria ter saído no final de 2009. Acabei adiando, e adiando, e adiando... enfim. Filmes vistos em 2009, à partir do dia 1º de novembro. Isso porque, como eu já expliquei aqui, desde novembro do ano passado tenho registrado todos os filmes que eu assisti, inclusive com metas.

Estes foram os filmes vistos nos dois últimos meses de 2009:

Ano Um
Desconstruindo Harry
Frankenweenie
Besouro
Vincent
A Primeira Noite de Um homem
500 Dias com Ela
Abraços Partidos
Julie e Julia
2012
A Princesa e o Sapo
Pequena Miss Sunshine
O Poderoso Chefão
Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças
Avatar


 Total: 15 filmes. O que dá menos de 2 filmes por semana, uma média baixa pelo que eu quero manter (e até melhorou nos meses seguintes).


Vale ressaltar que alguns eu já havia assistido, ou seja, nem todos eram inéditos, mas como "reiniciei" a contagem, então entram pra registro.

Melhor filme de "2009": O Poderoso Chefão. Essa é fácil, sempre que ele estiver em uma lista já tem meu voto.

Pior filme de "2009": Besouro. Abraços Partidos, 2012 e até Avatar tinham chances, mas eles tem qualidades que fizeram escapar da degola (até 2012, acredite se quiser). Agora, Besouro, apesar de uma belíssima fotografia e de inovar no gênero aqui no Brasil, peca em excesso - especialmente na parte final, e foi uma frustração indescritível.

Daqui a pouco publico o post com os filmes vistos em 2010 até o momento.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Desventuras automobilísticas

Lembro quando meu pai trocou seu chevettinho antigo por um mais novo: foi em meados de 1994, talvez 1995. O carro era de 1993, e estava em ótimo estado. Aliás, ainda está: meu pai sempre cuidou bem dele.

Além dos cuidados do meu velho, o carro também é surpreendente: em todos esses anos, ele raramente deu defeito. Os carros antigos da Chevrolet, especialmente o Chevette, quando bem cuidados, possuem um custo de manutenção muito baixo. Dezesseis anos depois de lançado, o carro parece novo. Posso dizer que meu pai é foda - e  o que eu mais escuto na rua é se ele está à venda (o carro, não meu pai).

E posso afirmar também que mal me recordo das vezes que o carro realmente deu problema. Geralmente quando ia para a oficina era apenas por rotina ou por desgaste natural das peças. E ele acumula até alguns recordes, como o pneu step nunca ter precisado ir para a pista - sim, ele nunca furou o pneu.

Enfim, no ano passado, após me ver perder horas com deslocamento, meu pai resolveu que já era hora de me dar um carro e de comprar um mais novo pra si - afinal, ele merecia, depois de tantos anos fiel à seu carro. Fiquei, então, com o Chev (apelido carinhoso que eu dei pra ele).

O Chev andava meio parado nos últimos tempos - meu pai é aposentado, e sair de casa não é mais parte da rotina. E o carro parece que se acostuma com isso, depois que começou a rodar todos os dias ele começou a sentir um pouco o desgaste, mas com o tempo foi se soltando.

Certo dia, nos primeiros meus com o carro, a primeira desventura aconteceu: a baterria arriou. Também pudera: uma bateria costuma durar cerca de dois anos, no máximo, e ela já havia passado dos três. Efeito Chev.

O foda é que esse tipo de coisa sempre acontece nos piores momentos, como ocorreu alguns poucos dias depois: recente com o carro, não havia pego todos os detalhes com meu pai - detalhes tipo a quilometragem da sua última troca de correia dentada. E o que aconteceu? A bendita arrebentou, no pior momento possível (ou perto dele, dez metros pra frente e eu estaria mais ferrado ainda). Inusitado foi o mesmo mecânico do socorro ter ido me atender, olhar pra mim, e perguntar: "eu não te conheço?"

Dois incidentes que eu me isento de culpa, e também o Chev: o problema foi atenção com a manutenção, mas como eu poderia prever? Estes fatos acabaram levando algumas pessoas a afirmarem erroneamente que meu carro não é confiável, então aproveito pra rebater: é sim, e muito. Mas fatalidades acontecem.

Tipo a de hoje. Estava voltando pra casa, quando o carro morre. Parecia a bateria, tentei fazer ele pegar e nada. Um camarada empurrou o carro, e fui parar em umas ruas escuras, sozinho e abandonado. Meu único contato com a humanidade era através da minha mãe e da minha namorada, enquanto esperava o socorro chegar. E pela terceira vez, eu posso afirmar uma coisa: ter seguro de carro salva a vida.

E o que foi que aconteceu? Nada de problema com o carro, novamente. Simplesmente a tampa do distribuidor soltou. Qual a probabilidade disso acontecer? Mínima. É uma peça presa com trava, e que é realmente difícil de se soltar por vontade própria. Ou seja, é um baita azar. Aposto até que sei de quem é a culpa: hoje é segunda-feira, e eu odeio segunda-feira.

Segunda é um dia que deveria ser feriado nacional. Ninguém deveria ter de sair de casa pra nada. Mas já que saí, deu merda. Com o distribuidor solto, e as tentativas de fazer o carro pegar, a bateria acabou descarregando. Nada que uma carga não me fizesse retornar seguro pra casa, mas amanhã eu descubro o valor do prejuízo. E o pior: logo quando os ônibus inventam de entrar em greve.

É, a semana promete.

Minha louca vida louca

A última postagem deste blog foi no dia 7 de fevereiro. Há exatos mais ou menos 15 dias. Uma vergonha. E isso ainda é agravado pelo fato de que antes também houve um hiato tão grande.

Justificativa? Nenhuma. Tenho me dedicado à alguns outros projetos e por simples falta de assunto acabei deixando o blog meio de lado. Mas pretendo mudar essa rotina em breve.

E por hora, vocês podem dar uma conferida no blog do Colaborativo Online, um dos meus projetos que tenho me dedicado ultimamente. Tem outros a caminho também, mas vou avisando com o tempo.

No mais, também tenho mais algumas mudanças pro blog - mas, basicamente, é só isso que eu sei fazer, não é mesmo? Mudar ele e falar sobre as mudanças... :)

Mas vamos que vamos!







Escuta essa: "I Am A Man Of Constant Sorrow", da trilha sonora de "E aí, meu irmão, cadê você?"

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Crepusculando

Da série "Diálogos Na Madrugada", mais um diálogo do Twitter que achei divertido, desta vez entre eu (@megale) e a @jessie_small.

@megale O Filmow tá de sacanagem comigo. Sugeriu que eu assista Crepúsculo.

@jessie_small @megale sorte que, no caso, você já viu. ;P

@megale @jessie_small Daí eu pergunto: sorte?

@jessie_small @megale lógico. Assistir esse filme deve pagar alguns pecados pelo menos.

@megale @jessie_small Aí é que tá. Pecados não foram feitos para serem pagos, mas cometidos. E o pessoal que fez o filme cometeu vários.

@jessie_small @megale nada. a Noviça Rebelde peca mais que aqueles vampiros bundões.

@megale @jessie_small Os vampiros bundões passam longe de pecar. Mas eu me referia aos produtores, que cometeram o pecado de fazer esse filme.

@jessie_small @megale mas o pecado original foi da Stephanie Meyer, que criou o livro. Ou dos pais dela, que criaram ela.

@megale @jessie_small ahauhauaha... verdade. depois dessa fiquei até sem resposta.

Epic Win da Jessie.







Escuta essa: The Dubliners - The Rocky Road to Dublin

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Onde existem os monstros

Série especial sobre Onde Vivem os Monstros - Parte 3/3.

Frustração. Esse foi o primeiro sentimento que me veio à cabeça assim que as luzes da sala de cinema se acenderam. Transportado de volta ao mundo real, outros sentimentos se misturavam e, para entendê-los, é preciso entender como estava sendo o meu dia.

Como puderam ler nas duas partes anteriores sobre a obra de Maurício Sendak, minha expectativa sobre este filme só crescia. Havia, então, me planejado para assistir na estréia. Porém, uma imensa chuva parou a cidade e colocou em risco meu deslocamento para a seção, o que gerou vários desconfortos, misturados à um péssimo dia, me deixando bastante chateado.

Mas, no fim, da mesma forma que o bem sempre vence o mal, o trânsito melhorou e pude ir ao cinema assistir o tão esperado lançamento. Mas, claro, o clima e a animação não eram mais a mesma.

E o filme é, de fato, fantástico. A história é simples, mas intensa. O diretor Spike Jonze (de Quero ser John Malkovich e Adaptação) conseguiu transformar algumas poucas páginas de um livro infantil em uma história densa e emocionante. O garoto Max Records, que interpreta seu xará Max, está fantástico e dá vida ao personagem de uma forma excepcional. E os monstros, então, estão simpáticos e com vida, fazendo arrancar aplausos da iniciativa do diretor de trabalhar com atores reais ao invés de computação gráfica.

Enfim, a história merece uma análise profunda que eu não vou me arriscar no momento: prefiro assistir o filme mais vezes antes de tentar estudar as personalidades dos monstros e como elas representam o próprio Max, ou como isso reflete nos adultos como nós que ainda guardamos o espírito de uma criança em nossos corações.

O único ponto que vou discutir aqui é o da frustração. Não foi com o filme, definitivamente. Inicialmente, imaginei ser, mas como Onde Vivem Os Monstros é o tipo de filme que nos faz gostar cada vez mais dele com o tempo, eliminei essa possibilidade. A frustração, acredito, se dá por dois motivos: o final não é como eu imaginava, apesar de ser como eu sabia que seria. E encarar a realidade, muitas vezes, não é fácil. O segundo ponto chave pra este sentimento é a sensação de voltar ao mundo real após ter mergulhado em um mundo de sonhos e fantasias igual ao de Max. É difícil descrever, mas poderia dizer que a sensação é semelhante à de deixar sua casa numa segunda chuvosa pela manhã para ir ao trabalho.

E foi tentando entender este sentimento que passei os últimos dias sem escrever para o blog. O assunto Onde Vivem os Monstros ainda não está encerrado, longe disso: ele ainda dará muito pano para a manga. Mas isso não será por agora, já que ainda preciso pensar muito sobre o assunto - e rever o filme, e reler o livro, diversas vezes.

Quanto ao filme, repito o que comentei anteriormente: é daqueles que, com o tempo, a gente passa a gostar mais e mais. Mas, desde já, me considero apaixonado. Não duvido que um dia chegue ao 10, mas por enquanto é um filme acima da média e que merece uma nota 8 (que, provavelmente, mudarei da próxima vez que eu assistir).

Também: Parte I e Parte II da série Sobre Onde Vivem os Monstros.






Escuta essa: Karen O and the Kids - Igloo

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Onde Nasceram os Monstros

Série especial sobre Onde Vivem os Monstros - Parte 2/3.


Foi no ano de 1963 que o autor Maurice Sendak publicou o livro "Onde Vivem os Monstros" e provou que um clássico não precisa de muitas páginas para ser escrito. Algumas palavras e poucas frases constroem um livro gostoso de se ler e bonito de se ver: as ilustrações do autor são belíssimas e a versão brasileira, da Cosac Naify, com tradução de Heloisa Jahn, é fantástica - assim como os vários livros desta editora, sempre bem cuidados.

A história todos já devem saber de cor: o garoto Max apronta mil e uma confusões e acaba mandado de castigo para o quarto. Lá, ele cria um mundo de fantasia onde encontra vários monstros selvagens, e acaba sendo declarado rei deles.

Aparentemente simples, a história é profunda e trata de temas que fazem parte da vida não só das crianças, mas como de todos nós: solidão, rejeição, amizade, realidade, sonhos...

Poderia fazer aqui algumas várias considerações sobre a filosofia da história, sobre a infância, e tudo o que envolve o universo criado por Max, mas isto virá em um próximo momento. Por agora, apenas a indicação de um clássico da literatura infanto-juvenil, mas capaz de agradar a pessoas de todas as idades.

Confira a parte I do especial aqui. Parte III aqui.








Escuta essa: The Arcade Fire - Wake Up. De novo. :)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Esses tais monstros...

Série especial sobre Onde Vivem os Monstros - Parte 1/3.

Faz algum tempo ouvi falar deste tal filme sobre monstros. No começo, confesso que não dei muita atenção, até porque num primeiro momento ele me pareceu uma coisa totalmente diferente do que é. Difícil explicar, mas achei ele algo entre o esquisito e o diferente, entre o infantil e o simples, não sei. Primeira impressão estranha.

Daí, então, deixei de lado as fotos dos (interessantemente bem produzidos) monstros que havia visto em notícias e acabei assistindo o trailer.



Com ele, acabei já começando a me interessar mais. Especialmente pelo letreiro que aparece: "dentro de nós está / tudo o que você já viu / tudo que você já fez / todos que você já amou / há um dentro de todos nós".

Enfim, quando meu irmão leu um pequeno comentário sobre o filme (que havia ganho 10/10) e que comentava um pouco, não da história, mas do sentimento por trás dela, foi quando fui atingido pelo raio e comecei a me apaixonar de verdade. Nesse meio tempo, assisti o trailer umas mil vezes e fui me apaixonando mais e mais.

Mas o golpe final veio da música do trailer. Wake Up, do The Arcade Fire. A letra é sensacional, a melodia, tudo é simplesmente de arrepiar. Escutei ela incessantemente nos últimos dias e cada vez me apaixono mais por tudo.



Tudo isso, graças a uma pequena coisa chamada infância.

Confira também: Especial Onde Vivem os Monstros, Parte II: O Livro. Parte III: o Filme.









Escuta essa: The Arcade Fire - Wake Up

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Entre o real e a fantasia

Confesso que tinha uma pequena preguiça quanto ao filme O Labirinto do Fauno, injustificável. Até porque a imagem que eu tinha dele se mostrou totalmente diferente do que é o filme na realidade. Enfim, foi uma grata surpresa.

A história se passa na Espanha, no ano de 1944. A Guerra Cívil havia terminado, mas rebeldes ainda lutavam contra o regime fascista nas montanhas ao norte de Navarra. A jovem Ofelia, de apenas 10 anos, acaba se mudando para este ambiente, onde irá morar junto ao novo marido de sua mãe, um oficial responsável por exterminar os rebeldes.

Solitária, a menina sempre dedicou-se a uma paixão: a leitura. Apaixonada por livros, sempre foi muito imaginativa. Um dos livros que mais gostava contava a história da princesa dos reinos subterrâneos que fugiu para o mundo externo e acabou morrendo por lá. Seu pai, o rei, sabia que um dia ela renasceria e voltaria para reinar em seu lugar.

Enfim, a jovem Ofelia acaba encontrando, perto da sua nova casa, um labirinto, onde conhece o tal Fauno e descobre que possivelmente é a princesa desaparecida. Para comprovar, teria de passar por três provas e testar seu espírito.

A história, então, se divide entre as aventuras de Ofelia e os conflitos no mundo real, onde os rebeldes lutam contra as forças militares e tentam vencer o maligno comandante. Ofelia acaba ficando presa entre estes dois mundos, enfrentando os desafios mágicos e os problemas terrenos.

A história me surpreendeu. Não imaginava o tom sombrio que o filme tem, tanto no mundo real como também no mundo mágico que Ofelia descobre. Suas aventuras são tão sombrias quanto a realidade em que está inserida, e isso deixa o filme com um ar muito mais sério que aparenta - talvez daí venha minha preguiça inicial e minha grata surpresa com o filme, que sempre deixa a dúvida entre o que existe ou é só imaginação.

Enfim, o diretor Guillermo Del Toro me provou com as aventuras de Hellboy e este O Labirinto do Fauno que é mais que credenciado para dirigir a adaptação de O Hobbit. A história de Ofelia é um bom filme, além do que eu esperava ser, e vale uma nota 8.







Escuta essa: carro de som do sacolão do bairro, "passando em sua rua". É tenso!

Felizes para sempre?

Roteiro básico de uma história de amor: mocinho conhece mocinha; algo ou alguém impede eles de ficarem juntos; ele conquista o amor dela (ou vice-versa); eles vivem felizes para sempre.

Mas quando isso não acontece?

Todo mundo que arrisca se apaixonar passa por uma decepção amorosa na vida: ou não é correspondido, ou não dá certo no final, ou não era nada do que ele/ela imaginava, e o fim pode ser muito trágico. Assim é a vida, assim é o romance. Conto de fadas? Raramente acontece. Pra encontrar o "amor da sua vida", a pessoa às vezes tem de procurar e procurar e procurar... e nem sempre encontra.

500 dias com ela [(500) days of summer] conta a história de Tom Hansen, um escritor de cartões comemorativos que se apaixona por sua colega de trabalho Summer Finn (o trocadilho do nome da personagem com a estação do ano, presente no título original, infelizmente se perde na tradução) e acaba acreditando que ela é o amor da sua vida. Culpados disso? Bandas pop e influências de filmes como A primeira noite de um homem [The Graduate], citado várias vezes ao longo do filme, e que pregam a existência do amor ideal. Já ela, não acredita nesse tipo de amor. Acabam se envolvendo e, de repente, ela termina tudo.

Daí, então, Tom passa a reviver seus bons e maus momentos com ela e acaba se descobrindo e redescobrindo paixões enterradas no meio do caminho. Sendo clichê, dá pra pensarmos que é uma forma bacana de pensarmos como a correria do dia-a-dia e a influência de outras pessoas nas nossas vidas acabam nos fazendo esquecer quem nós realmente somos e do que gostamos.

Enfim, a história de 500 dias com ela é uma história romântica ao avesso, em que o mocinho não fica com a mocinha no final. Aliás, nem no começo, já que é uma retrospectiva.

Vale destacar a atuação de Joseph Gordon-Levitt (Tom), que aparece muito bem no papel. Zooey Deschanel (Summer) é uma atriz linda, mas parece que nunca ultrapassa os limites de sua atuação - tanto é que seus personagens sempre me parecem, de certa forma, os mesmos. Talvez umas aulinhas com a Meryl Streep fariam bem.

A história é interessante por ser diferente no aspecto de que o casal não fica junto, existem bons momentos que até divertem bastante, mas em outros o filme acaba se arrastando. Mas não deixa de ser um bom filme em vários aspectos. Então, como ando de bom humor, acho que merece uma nota 7. =)






Escuta essa: Nenhum de Nós - Você Vai Lembrar de Mim

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O fim dos tempos é divertido

(Da série "isto já deveria ter sido publicado faz séculos")

Se tem uma coisa que considero de extrema importância em um filme é o fator diversão. Ele pode até ser ruim, mas se me fizer divertir por algumas horas já alcançou seu objetivo. E assim é 2012, de Roland Emmerich e com John Cusack no papel principal.

A história todo mundo já deve conhecer: segundo o calendário Maia, o ano de 2012 representará o fim do mundo como o conhecemos. Essa é a premissa para que o diretor realize mais um filme de destruição em massa, onde tudo e todos são esmagados pela força da natureza sem dó nem piedade.

No centro de tudo e como núcleo principal da história está o personagem de Cusack, Jackson Cutis. Mais clichê, impossível: um escritor fracassado, divorciado e com problemas de relacionamento com os filhos. Ao levar eles para acamparem, acaba descobrindo o que está por vir e parte em uma frenética corrida para salvar os filhos e sua ex-esposa com seu atual marido.

Um outro núcleo de personagens inclui o presidente dos Estados Unidos (negro, já que estamos na Era Obama, diferentemente dos até então clichês presidentes-padrão-Clinton, mas ainda assim óbvio), sua filha e o cientista que reportou tudo ao governo.

O filme se resume, basicamente, à uma sucessão de fugas intermináveis dos protagonistas, quase milagres sucessivos. Mas é como eu sempre digo: na hora que você começa a escapar da destruição mundial, e faz isso pela primeira vez, aproveita o embalo e vai assim até o final. E os conflitos, as questões filosóficas, que poderiam ser aprofundados e gerar um conteúdo mais relevante que explosões e desabamentos acabam sendo tratados de forma superficial.

Um destes questionamentos é sobre a posterioridade das coisas. Obras de arte são removidas e salvas, e o mesmo é levantado várias vezes pelo cientista ao citar o livro escrito pelo personagem de Cusack, sempre falando que o autor provavelmente estaria morto mas ele continuaria eterno enquanto seu livro existisse. Mal sabia ele que Jackson Curtis, além de escritor, é perito em fugas milagrosas nas horas vagas e momentos difíceis.

O filme não é maravilhoso, longe disso. Tem horas que chega a ser entediante. Mas vale como diversão pra quem quer ter um momento superficial e apenas curtir efeitos especiais bacanas. Pela história, vale uma nota 2. Pelos efeitos, uma nota 7. Na média, escapa de ser um filme muito ruim por um triz e merece um 4.






Escuta essa: Tianastácia - Conto de Fraldas

Filmow, o registro e os 500 filmes

Para quem não conhece, existe um site chamado Filmow onde você pode registrar os filmes assistidos, que pretende assistir ou que quer passar longe, inclusive avaliando e trocando comentários com outros usuários.

Desde o ano passado, tenho um perfil no site. Minha ideia? Registrar todos os filmes que assisti, mas não na vida e sim à partir de um determinado período, na melhor filosofia "o que é passado, é passado". Meu objetivo é conseguir escrever nem que seja um pequeno comentário sobre cada um deles, e atribuir uma nota. O Filmow vai me ajudar a registrar tudo e serve como um acompanhamento de quantos filmes eu já assisti desde então.

Isso acaba gerando uma questão interessante: todos os filmes que eu já vi, terei de reassistir em algum momento para entrar na contagem, o que me deu uma ideia: aleatoriamente, fui entrando em perfis, pegando filmes, indo através de diretores ou atores e atrizes, e criando uma lista de 500 filmes - alguns já vi, outros não, mas todos antes de novembro. Coloquei eles como "Quero ver", e o desafio: assistir a todos os 500 filmes antes do final de 2012. Isso dá mais de 160 filmes por ano, sem contar os que assistirei e que não estão na lista. Ou seja, é realmente um desafio e tanto.

Então, desde agora, dia 11 de janeiro de 2010, está lançado o desafio.






Escuta essa: Blues Brothers - Peter Gun Theme

Enfim, 2010 - de fato!

Segunda-feira, dia 11 de janeiro de 2010. Eis que declaro iniciado oficialmente mais um ano!

Não que muita coisa tenha mudado desde o último ano pra cá. Muita coisa está igual, inclusive, e até pior. O trabalho acumulado, por exemplo. A ideia de jogar tudo embaixo do tapete de 2010 e retomar só depois tem seus problemas, mas apesar de tudo tem suas vantagens. Alguns dias tentando não se preocupar com nada (por mais que muitas vezes isso seja impossível) são bastante saudáveis e revigorantes.

Enfim, o período de férias que determinei para mim está encerrado e estou de volta ao trabalho. E o blog também é parte do meu trabalho agora, então, vai ficar mais movimentado por aqui. Tenho umas postagens antigas para terminar, algumas críticas e comentários de filmes atrasados, e por aí vai. Ano novo, vida nova, trabalho de sempre. :)

No mais, também estou começando a tocar alguns projetos que com o tempo vou explicando por aqui. Mas vai ser divertido e novidades vão surgindo aos poucos.





 Escuta essa: Elvis Presley - A Little Less Conversation

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Enfim, 2010!

2010 chegou. Novos sonhos, novas esperanças, novas ideias. Hora de refletir, continuar e melhorar o que deu certo e ajustar o que anda errado. Hora de falsas promessas e de resoluções que não serão seguidas. Todo ano é assim, e sempre será. E sempre é bom. Hora de pegar um gás novo pra continuar.

Para não falar demais, vou tomar como minhas as palavras do Luis Fernando Veríssimo em um de seus textos, publicado no livro As Mentiras Que Os Homens Contam, e que eu acho perfeito.

Check-up

Este ano pretendo cumprir rigorosamente a resolução que tomei no fim do ano passado: não mais tomar resoluções de ano-novo. Elas são promessas que fazemos à nossa consciência em que nem a consciência acredita mais.

A minha já estava reagindo com bocejos a cada juramento que eu fazia para o ano-novo.

— Vou começar uma dieta. Séria, desta vez.
— Sei, sei.
— Vou ser tolerante, justo, sóbrio, equilibrado... e arrumar meus livros.
— Tudo bem.
— Fazer exercícios diários. Usar fio dental. Reler os clássicos. Não tudo ao mesmo tempo, claro.
— Certo, certo.

Mesmo com ar de enfado, minha consciência não deixa de se submeter ao exame anual que faço nela, sempre nos últimos dias de dezembro. Uma espécie de check-up moral. Seu estado geral é bom. Não teve grandes provações no ano passado. Fiz algumas coisas que não devia, não fiz outras que devia, nada grave. Vamos poder continuar nos encarando — principalmente agora que eliminamos este ridículo ritual das resoluções de fim de ano da nossa relação. O homem maduro é o que desiste da virtude impossível para não perder a possível.

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Nessa onda, começo 2010 sem promessas nem resoluções. Mas desejando a todos vocês um ano novo cheio de motivos para se animar, cheio de criatividade, de sonhos realizados e de muitas coisas boas! Feliz 2010!

P.S.: E, ah, férias do blog. Dia 11 retornamos com a nossa programação normal e mais bombante que nunca.

P.S.2: Caso queira fazer resoluções de ano novo, uma dica de site (que gera aleatoriamente algumas pra você): http://moninavelarde.com/newyears/






Escuta essa: Nena - 99 Luftballons