domingo, 6 de dezembro de 2009

Encerramento com chave de ouro

O campeonato brasileiro de 2009 foi o mais emocionante já disputado na era dos pontos corridos. Na última rodada, 4 times tinham condições de chegar ao título e a liderança foi revezada várias vezes ao longo do campeonato. Claro, admito estar frustrado por meu time ter tido uma queda vertiginosa de desempenho nas últimas rodadas, ver os maiores rivais beliscarem uma vaga na Libertadores e levantarem o caneco (que me desculpem os flamenguistas, mas não são hexa: o título de 1987 é do Sport!). Ainda assim, foi um baita campeonato. Mas não quero falar do futebol em si.

Antes de mais nada, gostaria de esclarecer que o título acima é extremamente irônico.

Deixando isto claro, vamos à problemática: em São Paulo, decepcionados com a derrota do time e a não-conquista da vaga na Libertadores, torcedores do Palmeiras se revoltaram ao tempo que na Vila Belmiro os confrontos ocorreram tanto antes do jogo como depois do encerramento da partida.

Mas a coisa ficou feia mesmo foi em Curitiba. Em uma das cidades mais "evoluidas" do país, os torcedores, frustrados com o rebaixamento do Coritiba para a segunda divisão invadiram o campo para brigar com jogadores, arbitragem e quem mais aparecesse pela frente. E a confusão se alastrou pelas ruas da cidade,com vários feridos e, inclusive, informações de momento dão conta de que um policial morreu após ter sido baleado.

Esse tipo de cena se repete Brasil afora durante o ano inteiro, especialmente em dia de clássicos. Na América Latina isso também é uma rotina. Na Europa, alguns países sofrem com sérios problemas de segurança.

Fico refletindo se o ser humano é tão animal assim. Se ele é um ser completamente irracional (ao contrário do que se declara ser), a ponto de matar o próximo por causa de uma atividade que deveria ser saudável e benéfica, que é o esporte. Chego à triste conclusão que sim.

O mundo seria tão mais bonito se todos pudessem sair às ruas com a camisa dos seus times, declarar seu amor à um clube e viver as alegrias e tristezas que só o esporte proporciona. Afinal, o respeito mútuo existiria, todos se preocupariam apenas com seu time e não com os rivais, e todos teriam paz para dormir com tranquilidade sabendo que, no dia seguinte, poderiam vestir as cores do seu time sem medo. Mas, na realidade, todos temos de nos cuidar ao usarmos camisas de clubes, temos de nos preocupar com onde vamos e em que dias podemos ou não andar uniformizados, temos de aguentar hostilidades gratuitas e nos preocuparmos com uma coisa que não deveriamos: segurança.

Em que momento da história o ser humano acreditou que era um ser racional, e que poderia se autodeclarar assim? Porque, acompanhando as notícias pós-encerramento do Brasileirão, o que se percebe é uma coisa totalmente diferente.





Sem escuta essa: no silêncio da reflexão e envergonhado pelo triste fim de um campeonato tão bonito.

2 comentários:

Patrícia disse...

Nem comento... Desviando o foco, Sr. Fonseca... tsc tsc

Se fossecriar uma comunidade no orkut pra você ela seria: "Escondo desilusão futebolística com filosofia"

Ahá uhu! Eu vou pra Libertadores... E digo mais: tudo tende ao nzormal, meu querido...

Fábio Megale disse...

Paty, minha amiga, até parece que você não me conhece. Achei que a esta altura do campeonato você já saberia que eu sei muito bem lidar com este tipo de coisa e não preciso esconder desilusão nenhuma. Não sou do tipo de pessoa que se prende à certas coisas e que elas são quem ditam o tom da minha vida. Também não preciso tirar o foco: o final foi decepcionante e frustrante? Sim. Os próximos dias serão difíceis? Sim. A caminhada continua? Sim. Um dia, ao contrário do que você diz ser agora, as coisas ainda voltam ao normal.

Agora, ignorar totalmente os acontecimentos extra-campo, com todo o respeito, já que você sabe que eu gosto muito de você, é apenas um sinal de superficialidade e a prova mais real do que eu afirmei no meu texto. A situação está cada vez mais lamentável, e o ser humano não faz nada para melhorar. Aliás, só se afunda mais na lama. E essas posturas superficiais são as mesmas que, além de estabelecer mais e mais situações como as absurdas de hoje, também valem para outras categorias, como política e outras mais.

Pelo seu comentário, farei um post falando exclusivamente do que aconteceu dentro das quatro linhas. Mas, por favor, não me venha com uma postura superficial e dizer que estou desviando o assunto. Se não quer discutir um tema que é de extrema importância e fundamental para que nós, amantes do futebol, possamos continuar assistindo os jogos dos nossos amados clubes em paz, então é melhor pecar pela omissão que pela ignorância.