Lembro quando meu pai trocou seu chevettinho antigo por um mais novo: foi em meados de 1994, talvez 1995. O carro era de 1993, e estava em ótimo estado. Aliás, ainda está: meu pai sempre cuidou bem dele.
Além dos cuidados do meu velho, o carro também é surpreendente: em todos esses anos, ele raramente deu defeito. Os carros antigos da Chevrolet, especialmente o Chevette, quando bem cuidados, possuem um custo de manutenção muito baixo. Dezesseis anos depois de lançado, o carro parece novo. Posso dizer que meu pai é foda - e o que eu mais escuto na rua é se ele está à venda (o carro, não meu pai).
E posso afirmar também que mal me recordo das vezes que o carro realmente deu problema. Geralmente quando ia para a oficina era apenas por rotina ou por desgaste natural das peças. E ele acumula até alguns recordes, como o pneu step nunca ter precisado ir para a pista - sim, ele nunca furou o pneu.
Enfim, no ano passado, após me ver perder horas com deslocamento, meu pai resolveu que já era hora de me dar um carro e de comprar um mais novo pra si - afinal, ele merecia, depois de tantos anos fiel à seu carro. Fiquei, então, com o Chev (apelido carinhoso que eu dei pra ele).
O Chev andava meio parado nos últimos tempos - meu pai é aposentado, e sair de casa não é mais parte da rotina. E o carro parece que se acostuma com isso, depois que começou a rodar todos os dias ele começou a sentir um pouco o desgaste, mas com o tempo foi se soltando.
Certo dia, nos primeiros meus com o carro, a primeira desventura aconteceu: a baterria arriou. Também pudera: uma bateria costuma durar cerca de dois anos, no máximo, e ela já havia passado dos três. Efeito Chev.
O foda é que esse tipo de coisa sempre acontece nos piores momentos, como ocorreu alguns poucos dias depois: recente com o carro, não havia pego todos os detalhes com meu pai - detalhes tipo a quilometragem da sua última troca de correia dentada. E o que aconteceu? A bendita arrebentou, no pior momento possível (ou perto dele, dez metros pra frente e eu estaria mais ferrado ainda). Inusitado foi o mesmo mecânico do socorro ter ido me atender, olhar pra mim, e perguntar: "eu não te conheço?"
Dois incidentes que eu me isento de culpa, e também o Chev: o problema foi atenção com a manutenção, mas como eu poderia prever? Estes fatos acabaram levando algumas pessoas a afirmarem erroneamente que meu carro não é confiável, então aproveito pra rebater: é sim, e muito. Mas fatalidades acontecem.
Tipo a de hoje. Estava voltando pra casa, quando o carro morre. Parecia a bateria, tentei fazer ele pegar e nada. Um camarada empurrou o carro, e fui parar em umas ruas escuras, sozinho e abandonado. Meu único contato com a humanidade era através da minha mãe e da minha namorada, enquanto esperava o socorro chegar. E pela terceira vez, eu posso afirmar uma coisa: ter seguro de carro salva a vida.
E o que foi que aconteceu? Nada de problema com o carro, novamente. Simplesmente a tampa do distribuidor soltou. Qual a probabilidade disso acontecer? Mínima. É uma peça presa com trava, e que é realmente difícil de se soltar por vontade própria. Ou seja, é um baita azar. Aposto até que sei de quem é a culpa: hoje é segunda-feira, e eu odeio segunda-feira.
Segunda é um dia que deveria ser feriado nacional. Ninguém deveria ter de sair de casa pra nada. Mas já que saí, deu merda. Com o distribuidor solto, e as tentativas de fazer o carro pegar, a bateria acabou descarregando. Nada que uma carga não me fizesse retornar seguro pra casa, mas amanhã eu descubro o valor do prejuízo. E o pior: logo quando os ônibus inventam de entrar em greve.
É, a semana promete.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Desventuras automobilísticas
Minha louca vida louca
A última postagem deste blog foi no dia 7 de fevereiro. Há exatos mais ou menos 15 dias. Uma vergonha. E isso ainda é agravado pelo fato de que antes também houve um hiato tão grande.
Justificativa? Nenhuma. Tenho me dedicado à alguns outros projetos e por simples falta de assunto acabei deixando o blog meio de lado. Mas pretendo mudar essa rotina em breve.
E por hora, vocês podem dar uma conferida no blog do Colaborativo Online, um dos meus projetos que tenho me dedicado ultimamente. Tem outros a caminho também, mas vou avisando com o tempo.
No mais, também tenho mais algumas mudanças pro blog - mas, basicamente, é só isso que eu sei fazer, não é mesmo? Mudar ele e falar sobre as mudanças... :)
Mas vamos que vamos!
Escuta essa: "I Am A Man Of Constant Sorrow", da trilha sonora de "E aí, meu irmão, cadê você?"
domingo, 7 de fevereiro de 2010
Crepusculando
Da série "Diálogos Na Madrugada", mais um diálogo do Twitter que achei divertido, desta vez entre eu (@megale) e a @jessie_small.
@megale O Filmow tá de sacanagem comigo. Sugeriu que eu assista Crepúsculo.
@jessie_small @megale sorte que, no caso, você já viu. ;P
@megale @jessie_small Daí eu pergunto: sorte?
@jessie_small @megale lógico. Assistir esse filme deve pagar alguns pecados pelo menos.
@megale @jessie_small Aí é que tá. Pecados não foram feitos para serem pagos, mas cometidos. E o pessoal que fez o filme cometeu vários.
@jessie_small @megale nada. a Noviça Rebelde peca mais que aqueles vampiros bundões.
@megale @jessie_small Os vampiros bundões passam longe de pecar. Mas eu me referia aos produtores, que cometeram o pecado de fazer esse filme.
@jessie_small @megale mas o pecado original foi da Stephanie Meyer, que criou o livro. Ou dos pais dela, que criaram ela.
@megale @jessie_small ahauhauaha... verdade. depois dessa fiquei até sem resposta.
Epic Win da Jessie.
Escuta essa: The Dubliners - The Rocky Road to Dublin
sábado, 6 de fevereiro de 2010
Onde existem os monstros
Série especial sobre Onde Vivem os Monstros - Parte 3/3.
Frustração. Esse foi o primeiro sentimento que me veio à cabeça assim que as luzes da sala de cinema se acenderam. Transportado de volta ao mundo real, outros sentimentos se misturavam e, para entendê-los, é preciso entender como estava sendo o meu dia.
Como puderam ler nas duas partes anteriores sobre a obra de Maurício Sendak, minha expectativa sobre este filme só crescia. Havia, então, me planejado para assistir na estréia. Porém, uma imensa chuva parou a cidade e colocou em risco meu deslocamento para a seção, o que gerou vários desconfortos, misturados à um péssimo dia, me deixando bastante chateado.
Mas, no fim, da mesma forma que o bem sempre vence o mal, o trânsito melhorou e pude ir ao cinema assistir o tão esperado lançamento. Mas, claro, o clima e a animação não eram mais a mesma.
E o filme é, de fato, fantástico. A história é simples, mas intensa. O diretor Spike Jonze (de Quero ser John Malkovich e Adaptação) conseguiu transformar algumas poucas páginas de um livro infantil em uma história densa e emocionante. O garoto Max Records, que interpreta seu xará Max, está fantástico e dá vida ao personagem de uma forma excepcional. E os monstros, então, estão simpáticos e com vida, fazendo arrancar aplausos da iniciativa do diretor de trabalhar com atores reais ao invés de computação gráfica.
Enfim, a história merece uma análise profunda que eu não vou me arriscar no momento: prefiro assistir o filme mais vezes antes de tentar estudar as personalidades dos monstros e como elas representam o próprio Max, ou como isso reflete nos adultos como nós que ainda guardamos o espírito de uma criança em nossos corações.
O único ponto que vou discutir aqui é o da frustração. Não foi com o filme, definitivamente. Inicialmente, imaginei ser, mas como Onde Vivem Os Monstros é o tipo de filme que nos faz gostar cada vez mais dele com o tempo, eliminei essa possibilidade. A frustração, acredito, se dá por dois motivos: o final não é como eu imaginava, apesar de ser como eu sabia que seria. E encarar a realidade, muitas vezes, não é fácil. O segundo ponto chave pra este sentimento é a sensação de voltar ao mundo real após ter mergulhado em um mundo de sonhos e fantasias igual ao de Max. É difícil descrever, mas poderia dizer que a sensação é semelhante à de deixar sua casa numa segunda chuvosa pela manhã para ir ao trabalho.
E foi tentando entender este sentimento que passei os últimos dias sem escrever para o blog. O assunto Onde Vivem os Monstros ainda não está encerrado, longe disso: ele ainda dará muito pano para a manga. Mas isso não será por agora, já que ainda preciso pensar muito sobre o assunto - e rever o filme, e reler o livro, diversas vezes.
Quanto ao filme, repito o que comentei anteriormente: é daqueles que, com o tempo, a gente passa a gostar mais e mais. Mas, desde já, me considero apaixonado. Não duvido que um dia chegue ao 10, mas por enquanto é um filme acima da média e que merece uma nota 8 (que, provavelmente, mudarei da próxima vez que eu assistir).
Também: Parte I e Parte II da série Sobre Onde Vivem os Monstros.
Escuta essa: Karen O and the Kids - Igloo